quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

A Formiguinha e a Neve (2)


" Certa manhã de inverno, uma formiguinha saiu para seu trabalho diário. Já ia muito longe, à procura de alimento, quando um floco de neve caiu.
-Plim!- e prendeu o seu pezinho!

Aflita, vendo que não podia livrar-se da neve e iria assim morrer de fome e de frio, voltou-se para o sol e dsse:
-Oh, Sol, tu que és tão forte, derrete a neve e desprende meu pezinho...

E o Sol, indiferente nas alturas, falou:
-Mais forte do que eu é o muro que me tapa!

Olhando então para o muro, a formiguinha pediu:
-Oh, muro, tu que és tão forte, que tapas o sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho...

E o muro que nada vê e muito pouco fala respondeu apenas:
-Mais forte do que eu é o rato que me rói!

Voltando-se então para um ratinho que passava apressado, a formiguinha suplicou:
-Oh, rato, tu que és tão forte, que róis o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho...

Mas o rato, que também ia fugindo do frio, gritou de longe:
-Mais forte do que eu é o gato que me come!

Já cansada, a formiguinha pediu ao gato:
_Oh, gato, tu que és tão forte, que comes o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho...

E o gato, sempre preguiçoso, disse bocejando:
-Mais forte do que eu é o cão que me persegue!

Aflita e chorosa, a pobre formiguinha pediu ao cão:
-Oh, cão, tu que és tão forte, que persegues o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho...

E o cão que ia correndo atrás de uma raposa, respondeu sem parar:
-Mais forte do que eu é o homem que me bate!

Já quase sem forças, sentindo o coração gelado de frio, a formiguinha implorou ao homem:
-Oh, homem, tu que és tão forte, que bates no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho...

E o homem, sempre preocupado com seu trabalho, respondeu apenas:
-Mais forte do que eu é a morte que me mata!

Trêmula de medo, olhando a morte que se aproximava, a pobre formiguinha suplicou:
-Oh, morte, tu que és tão forte, que matas o homem, que bate no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho...

E a morte, impassível, respondeu:
-Mais forte do que eu é Deus que me governa!

Quase morrendo, a formiguinha rezou baixinho:
-Meu Deus, tu que és tão forte, que governas a morte, que mata o homem, que bate no cão, que persegue o gato, que come o rato, que rói o muro, que tapa o sol, que derrete a neve, desprende meu pezinho...

E Deus, então, que ouve todas as preces, sorriu. Estendeu a mão por cima das montanhas e ordenou que viesse a primavera!
No mesmo instante, no seu carro vermelho de veludo e ouro, a primavera desceu sobre a terra, enchendo de flores os campos, enchendo de luz os caminhos!

E, vendo a formiguinha quase morta, gelada pelo frio, tomou-a carinhosamente entre as mãos e levou-a para seu reino encantado, onde não há inverno, onde o sol brilha sempre e onde os campos estão sempre cobertos de flores!"

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